Passadas as eleições e posse dos novos Vereadores da Capital, observo continuamente a atividade dos atuais parlamentares e comparo com as promessas e compromissos de campanha.
Em especial, uma comunidade perdeu grande chance, por muito pouco de ser representada: os autistas e as famílias atípicas. Numa campanha relâmpago, mas que conquistou o coração de 3356 eleitores com simplicidade, sinceridade e respeito, Alyne Moreira, por pouco não ganhou uma cadeira na casa de Napoleão Laureano.
Muito embora tenha sido apresentada como candidata apenas em abril, diante da retirada do nome de seu marido, Flávio Moreira, presidente estadual do AGIR 36 e que vem fazendo uma gestão extraordinária na Fundac, Alyne sequer saiu de sua rotina de mãe atípica, esposa e profissional para tentar virar política.
Continuou levando sua filha nas terapias, cuidando da família, trabalhando na interlocução entre Estado e Prefeitura e buscando assistir as mais de 60 famílias amparadas pelo escritório de advocacia do marido em guerra contra planos de saúde: “Minha família é minha prioridade. Faço política para melhorar o mundo para minha filha, mas não quero ser como alguns que se tornam profissionais”, disse-me certa vez.
De outro lado, Flávio Moreira, teve de apoiar todas as candidaturas do partido e foi correto com todos os candidatos, inclusive com o eleito pelo partido, o vereador Luís da Padaria. Questionado se foi procurado pelo eleito ao menos para agradecer, Flávio responde que “o agradecimento que preciso é o trabalho pelo povo de João Pessoa”.
Pela primeira vez, fala: “retirei meu nome para conseguir manter a chapa, pois muitos não queriam concorrer comigo. Acho até que se arrependeram depois do desempenho de Alyne”. Sorri de canto de boca e revela o grande sonho do casal: construir o centro de atendimento não governamental para autistas mais completo do Brasil.
Em meio a expectativa de convocação de Alyne pelo prefeito Cícero para colaborar na gestão, talvez seja o único partido que não reclamou de demora. O casal segue sua vida normalmente: ”não compramos voto e não nos super endividamos para ganhar eleição, porque se queremos ser diferentes, como iríamos reproduzir os profissionais?”, responde um Flávio que nem de longe lembra o estilo afiado e desafiador de outrora. Serenidade.
Dito isso, saí com a convicção de que João Pessoa perde muito com a ausência de Alyne na gestão, pelo seu coração e disposição em servir.
Ainda bem que o governador João Azevedo trouxe Flávio de volta, resolveu o problema de uma Fundac que antes era só manchete policial e reanimou os Moreira a voltarem a servir ao público, já que as decepções com outros tinham feito desistirem de mudar o mundo.
Agora querem de novo!