Cantora, ícone da música brasileira, estava internada desde 2024 e faleceu em decorrência de falência múltipla de órgãos.
A música popular brasileira perdeu nesta quinta-feira (1º) uma de suas intérpretes mais emblemáticas. Nana Caymmi morreu aos 84 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de falência múltipla de órgãos. Ela estava internada desde julho de 2024 na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul da capital fluminense.
Filha do compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana — nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941 — herdou a musicalidade da família e trilhou uma carreira marcada por intensidade emocional e escolhas artísticas sofisticadas. Ao lado dos irmãos Dori e Danilo Caymmi, formou uma das famílias mais influentes da história da MPB.
A estreia veio cedo, ainda adolescente, em um dueto com o pai na canção “Acalanto”, que se tornou símbolo de afeto familiar para muitas gerações. Aos 18 anos, afastou-se temporariamente da música ao se casar com um médico venezuelano e mudar-se para Caracas. Anos depois, retornou ao Brasil com duas filhas e grávida do terceiro filho, retomando sua trajetória artística.
Dona de voz grave, intensa e marcante, Nana construiu uma discografia sólida com álbuns como Nana Caymmi (1975), Renascer (1976), Voz e Suor (1983), Bolero (1993) e A Noite do Meu Bem – As Canções de Dolores Duran (1994). O último trabalho inédito foi Nana, Tom, Vinicius, lançado em 2020.
Em 1966, participou do Festival Internacional da Canção com “Saveiros”, de seu irmão Dori. Mesmo vaiada pelo público, venceu a competição, revelando sua força interpretativa diante da crítica e da plateia.
Discreta quanto à fama, Nana Caymmi construiu uma carreira longe dos modismos, priorizando repertórios densos e interpretações carregadas de sentimento. Foi comparada a grandes nomes como Elis Regina e Maria Bethânia, mas seguiu um percurso singular, respeitado por músicos e críticos.
Na vida pessoal, teve relações com nomes importantes da música brasileira, como Gilberto Gil, com quem foi casada entre 1967 e 1969, além de João Donato e Cláudio Nucci.
Nana Caymmi deixa três filhos, duas netas e um legado de interpretações profundas que marcaram a história da música nacional.