Presidente da AECFC-PB critica proposta de fim da obrigatoriedade das autoescolas: “Fora da realidade do país”

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Claudionor Fernandes alerta para impactos na segurança no trânsito e promete mobilização nacional contra a medida.

O presidente da Associação das Empresas Credenciadas para Formação de Condutores da Paraíba (AECFC-PB), Claudionor Fernandes, criticou com veemência, nesta terça-feira (29), a proposta do Governo Federal de tornar facultativo o ensino em autoescolas para quem deseja obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A medida foi ventilada pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, em entrevista à Folha de S. Paulo.

Segundo a proposta, o candidato à CNH continuaria sendo obrigado a passar pelas provas teórica e prática, mas não precisaria frequentar uma autoescola, podendo aprender a dirigir por conta própria. Para Claudionor, a ideia é “irresponsável” e “desconectada da realidade brasileira”.

“O ministro não tem conhecimento da realidade do Brasil. Nós somos 14.500 autoescolas no país, que geram mais de 125 mil empregos. A educação no trânsito é a base de tudo. Não é possível querer desmontar um sistema com mais de 25 anos sem entender as consequências”, afirmou.

Claudionor alertou ainda que uma mudança como essa exigiria alterações profundas no Código de Trânsito Brasileiro, e que não é algo que possa ser feito por decreto ou portaria.

Em resposta à proposta, o setor já articula um movimento nacional. No próximo dia 3 de setembro, será lançada oficialmente na Câmara dos Deputados a Frente Parlamentar em Defesa da Formação do Condutor, iniciativa que reúne parlamentares e entidades ligadas à segurança no trânsito para barrar tentativas de desregulamentação.

“Essa ideia já apareceu outras vezes no Congresso, mas nunca prosperou. Estamos dialogando com deputados como Hugo Motta e outros para mostrar que não se trata apenas de mercado, mas de vidas que podem ser perdidas com condutores mal preparados”, pontuou Claudionor.

O presidente também fez questão de destacar que a Paraíba é referência em controle e tecnologia aplicada à formação de condutores. Segundo ele, o Estado adota mecanismos de rastreamento, monitoramento facial e validação em tempo real, tanto nas aulas teóricas quanto nas práticas.

“Se o aluno sai da frente do computador, a aula é cancelada. As aulas práticas são rastreadas do início ao fim. É um sistema seguro, rigoroso, e que garante a qualidade da formação. Desmontar isso é um retrocesso inaceitável”, concluiu.

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