Apesar de parecer jurídico favorável, maioria dos membros da CPI rejeita nome do vereador suplente, visto como opositor à investigação sobre possível cartel na capital.
A tensão em torno da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura suspeitas de cartel em João Pessoa se intensificou após a indicação do vereador Raoni Mendes à presidência dos trabalhos. Embora ao que tudo indica, a Procuradoria Jurídica da Câmara Municipal tenha emitido parecer favorável à legalidade da nomeação, baseada no regimento interno da Casa Napoleão Laureano, a maioria dos integrantes da comissão já sinalizou resistência ao nome escolhido.
Dos sete membros da CPI, cinco são contra a indicação de Raoni, que atualmente exerce mandato como suplente. Apenas o vereador Tarcísio Jardim (PP) declarou apoio. A decisão de nomeá-lo partiu do presidente da Câmara, Dinho Dowsley, e tem sido interpretada por muitos como uma tentativa de esvaziar politicamente a comissão — ou, no mínimo, de esvaziar sua credibilidade.
A principal crítica não é técnica, mas política: desde o início das discussões sobre a CPI, Raoni Mendes se posicionou publicamente contra a existência de indícios sólidos de formação de cartel. Para seus opositores dentro da comissão, essa postura deveria ser suficiente para que o próprio vereador se declarasse impedido de presidir os trabalhos. Sua condução pode comprometer a imparcialidade da apuração e aprofundar a crise interna no Legislativo.
A reunião da CPI realizada na última segunda-feira evidenciou o impasse. Embora o ambiente tenha se mantido ameno, não houve consenso entre os membros, o que tende a paralisar o avanço das investigações logo no início dos trabalhos. A indicação de Raoni, considerada uma “provocação” por alguns parlamentares, levanta dúvidas sobre o real compromisso da Casa com a transparência e o interesse público.
O parecer da Procuradoria Jurídica deve ser entregue ao presidente Dinho Dowsley ainda esta semana, consolidando a base legal da nomeação. Mas, nos bastidores, o problema está longe de ser resolvido. O imbróglio acende um alerta: uma CPI já nasce enfraquecida quando sua presidência é alvo de desconfiança generalizada.