Campina Grande registra aumento de 30% nos atendimentos a motociclistas em 2025; só no Sertão, já são 110 mortes no ano
O Hospital de Trauma de Campina Grande registrou um aumento de mais de 30% nos atendimentos a vítimas de acidentes com motocicletas no primeiro semestre de 2025. Foram 6.357 pacientes atendidos, contra 4.868 no mesmo período do ano passado. A alta acende um alerta sobre o crescimento da acidentalidade e seus impactos humanos e econômicos na Paraíba.
O problema se repete em todo o estado. Dados da Secretaria de Saúde e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) revelam que, apenas nos primeiros seis meses de 2025, foram contabilizadas 8.112 ocorrências de trânsito, com 407 mortes — 110 delas no Sertão. Em todo o ano de 2024, foram 12.991 ocorrências com 859 vítimas fatais, sendo 250 apenas na região sertaneja.
Segundo relatório da PRF, os motociclistas são as principais vítimas. “A gente verifica de forma clara que os motociclistas são os mais vulneráveis. Há uma desproporcionalidade muito grande entre sinistros que envolvem motocicletas e a gravidade das vítimas”, afirmou Fabiano Lacerda, representante da corporação.
O levantamento aponta que municípios como Queimadas, Lagoa Seca e Alagoa Nova concentraram 56% dos acidentes com motos. As BRs 104 e 230 lideram em número de ocorrências. Entre 2006 e 2022, o número de motocicletas em circulação aumentou 9,9%, enquanto a frota de automóveis caiu mais de 11%.
Além das perdas humanas, os custos com o tratamento das vítimas pressionam o sistema público de saúde. O diretor do Hospital de Trauma de Campina Grande, Sebastião Viana, explica que uma diária em enfermaria custa cerca de R$ 700, enquanto na UTI o valor pode chegar a R$ 1.900.
“Existem cirurgias ortopédicas simples, que começam em R$ 800, mas em casos mais graves, como fraturas patológicas, o custo pode chegar a R$ 60 mil”, detalhou Viana. O hospital gasta entre R$ 700 mil e R$ 1 milhão por mês apenas com vítimas de acidentes de moto.