Denúncia do Gaeco aponta esquema de “fama e vantagens” para captar adolescentes e famílias; ação pede indenização de R$ 10 milhões
O Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ofereceu nesta segunda-feira (15) denúncia criminal contra o influenciador digital Hytalo José Santos Silva e seu marido, Israel Nata Vicente. Eles são acusados de crimes envolvendo crianças e adolescentes, com uso de redes sociais para aliciamento e exploração.
A denúncia foi apresentada à 2ª Vara Mista de Bayeux e é resultado de uma investigação conjunta entre o MPPB, Polícia Civil da Paraíba, Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Três crimes imputados
Os réus foram formalmente acusados dos seguintes crimes:
Tráfico de pessoas (art. 149-A do Código Penal), pelo aliciamento de adolescentes e famílias com falsas promessas de fama e vantagens materiais, com o objetivo de controle da liberdade e exploração sexual das vítimas;
Produção de material pornográfico com crianças e adolescentes (art. 240 do ECA), pela criação e divulgação de conteúdos de cunho sexual em redes sociais, com fins de monetização e engajamento;
Favorecimento da prostituição ou exploração sexual de vulneráveis (art. 218-B do Código Penal), por incentivar práticas sexuais com terceiros, muitas vezes em contextos de constrangimento e exposição degradante.
Esquema premeditado
Segundo o Gaeco, a investigação revelou um esquema estruturado e premeditado, no qual adolescentes eram submetidos a procedimentos estéticos e tatuagens com conotação sexual. Também foi identificado o controle rígido sobre suas rotinas e meios de comunicação, configurando situação de exploração e vulnerabilidade.
O casal está preso preventivamente desde agosto. A Justiça já determinou medidas como o bloqueio de perfis, suspensão de monetização e restrições de contato com menores.
Pedido de indenização
Além da responsabilização penal, o Ministério Público requereu o pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 10 milhões, citando a gravidade dos crimes e a violação de direitos fundamentais de crianças e adolescentes.
Próximos passos
A denúncia agora será apreciada pelo Judiciário. Para o MPPB, a responsabilização penal nesse tipo de caso é essencial no enfrentamento de crimes digitais cometidos contra populações vulneráveis, reafirmando o compromisso institucional com a proteção integral da infância e juventude.