Uma facção criminosa com atuação consolidada na Paraíba entrou na mira da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/PB) nesta quinta-feira (18). A operação, batizada de Stakeholders II, tem como objetivo desarticular três núcleos estratégicos da organização: o financeiro, o administrativo e o comando. Estão sendo cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, 10 de prisão preventiva e ordens de sequestro de bens e valores.
A ofensiva mobilizou mais de 70 policiais em João Pessoa, Sertãozinho, Guarabira, Santa Rita e Campina Grande, além de um mandado cumprido em Campo Grande (MS). Os alvos incluem figuras centrais da facção, como líderes que comandavam decisões internas, determinavam mortes, expulsões e a expansão territorial da quadrilha.
De acordo com a Polícia Federal, a facção mantinha um esquema sofisticado de arrecadação ilícita — apelidado de “caixinhas” — que movimentava valores por meio de contas bancárias e chaves PIX em nome de terceiros. Esse dinheiro era usado para comprar armas, financiar a logística e sustentar integrantes presos.
Já o núcleo administrativo, operado pelas chamadas “cadastreiras”, cuidava da base de dados da facção, fazia o controle das “quebradas” — áreas de domínio territorial — e organizava a hierarquia interna. Essa estrutura burocrática dava suporte direto ao núcleo de comando, responsável pelas diretrizes mais sensíveis da organização criminosa.
Segundo a FICCO/PB, o foco da operação é asfixiar o patrimônio da facção, enfraquecer sua organização interna e neutralizar sua capacidade de comando. O esforço coordenado entre Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal (estadual e federal), SENAPPEN e as secretarias estaduais de Segurança e Administração Penitenciária mostra um modelo de integração que pretende ser mais eficaz no enfrentamento ao crime organizado.
Ao atacar simultaneamente as frentes financeira, operacional e decisória da facção, a Operação Stakeholders II vai além da repressão direta e busca desmontar os pilares que sustentam o poder dessas organizações. O impacto real da ofensiva ainda será medido nos próximos meses, mas o recado institucional é claro: não basta prender — é preciso desarticular.