Ivanadja Velloso recebeu procurações de ao menos dez funcionários e ex-funcionários do deputado para movimentar mais de R$ 4,1 milhões desde 2011.
Uma apuração do portal Metrópoles revelou que a chefe de gabinete do deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), Ivanadja Velloso Meira Lima, teve procurações registradas em cartório que lhe concediam poderes para movimentar salários de ao menos dez servidores e ex-servidores do gabinete parlamentar. O total dos valores acessados ultrapassa R$ 4,1 milhões.
As procurações, assinadas entre 2011 e anos posteriores, permitiam a Ivanadja sacar salários, abrir contas bancárias, assinar cheques e realizar outras operações financeiras em nome dos assessores. O caso levanta suspeitas de um possível esquema de rachadinha, prática em que parte ou a totalidade da remuneração de servidores é repassada a terceiros.
Entre os nomes envolvidos, dois continuam atualmente lotados no gabinete: o motorista Ary Gustavo Xavier Guedes Soares, que recebeu mais de R$ 1,1 milhão desde 2011, e a secretária parlamentar Jane Costa Gorgônio, com R$ 336,7 mil em salários acumulados. Ambos assinaram documentos conferindo poderes amplos à chefe de gabinete.
Outros casos apontados incluem o da ex-assessora Maria Socorro de Oliveira, que esteve simultaneamente vinculada ao gabinete de Motta e a um cargo no governo estadual da Paraíba, entre 2013 e 2016. A situação pode configurar acúmulo indevido de funções. Já a advogada Gabriela de Oliveira Figueiredo Leitão Venâncio recebeu mais de R$ 879 mil enquanto conciliava o cargo público com atividades acadêmicas e empresariais.
A chefe de gabinete já responde na Justiça Federal por outro caso que envolve suspeita de rachadinha, quando atuava no gabinete do deputado Wilson Santiago (Republicanos-PB), aliado político de Hugo Motta. Na ocasião, o Ministério Público Federal denunciou Ivanadja por movimentar a conta bancária de um funcionário fantasma, também com base em uma procuração registrada em cartório.
A maior parte dos envolvidos procurados pela reportagem não quis comentar o caso. O deputado Hugo Motta e Ivanadja Velloso também não se manifestaram até o momento.